quinta-feira, maio 01, 2008

Retalhos de uma vida....(a minha)!

Bem meus amigos, o que vou escrever agora, refere-se à minha vida...momentos que passei...que vivi...e como cheguei até aqui...Confesso que grande parte dela (a minha vida) foi muito difícil, com muitas lutas, muitas batalhas, mas...sobrevivi...

E posso dizer que tudo valeu a pena ! Que voltaria e faria tudo de novo... Acho que tudo serviu como um grande aprendizado...

Hoje tenho certeza de que estou num estágio de evolução espiritual elevado (sou número 9 dentro da numerologia - uma pós-graduação) e, com certeza não voltarei mais por estes palcos... Terei outros trabalhos a fazer por outros "mares" ...

Nasci de uma familia humilde, no interior de São Paulo. Minha mãe , trabalhadora da roça e meu pai, filho do administrador da fazenda onde moravam...

As familias se odiavam, não queriam o casamento. Então eles fugiram e foram morar juntos. Imaginem esta cena há 50 anos atrás... Se hoje ainda existe este preconceito de dormir com alguém antes do casamento, imaginem naquela época!

Casaram e continuaram na fazenda, apesar dos pesares. Eu nasci quatro anos depois deste casamento. Uma criança frágil, delicada. Tinhas as orelhas quase que transparentes que davam para ver as veias azuis e as unhas mal formadas. Cresci saudável tanto é que me encontro aqui , neste momento.... Tiveram mais sete filhos, somos um total de oito irmãos.

Meu pai, depois de alguns anos acabou sendo caminhoneiro, fruto de uma parceria com seu irmão. Meu tio entrou com o dinheiro para a compra do caminhão e meu pai com a mão-de-obra : compravam filhotes de animais no Paraná e os vendia aos fazendeiros .


Bem , depois que cresci um pouco, já com uns dois aninhos , mudamos para cidade e meu pai continuou caminhoneiro. Até que um dia, sofreu um acidente horrível, perdeu o caminhão e por sorte salvou-se, ele e meu padrinho, irmão de criação dele.

Com isto fomos para outra fazenda onde meu avô, por parte de mãe, tomava conta. Fomos morar vizinhos dos meus avós e papai foi trabalhar na lavoura, na plantação de feijão. Eu estava então com quase seis anos e nesta época, éramos em cinco irmãos. Mamãe tinha um filho por ano.


Já fui presentada por Deus por tres vezes na minha... A primeira foi nesta fase da fazenda. Eu e meu irmão mais velho (ele com quase cinco anos) fomos pegar os ovos das galinhas. Elas faziam seus ninhos no paiol (lugar feito de madeira, coberto com sapé) onde guardavam as espigas do milho para alimentar o gado. Acho que tinha quase tres metros de altura.

Um dia eu e meu irmão subimos e quando fui descer caí , batí a cabeça, desmaiei. Contam que foi muito grave, machuquei a cabeça e demorei muito para voltar a acordar. Minha mãe pensava que eu tinha morrido.

Quando acordei , a casa estava cheia de gente, a vizinhança toda presente, mamãe chorando copiosamente, eu simplesmente levantei e fui para o colo dela.

Neste momento ganhei minha primeira graça divina. Era como se tivesse acordade de um lindo sonho!

Quando terminou a colheita do feijão viemos para São Paulo morar na Domingos de Moraes. Esta foi uma fase muito difícil por que o que papai ganhava como pedreiro não dava para alimentar os cinco filhos, minha mãe, pagar aluguel e tudo o mais.

Para que não morrêssemos de fome mamãe "catava" , literalmente, os restos das frutas e legumes que os ricos, da região dos jardins, recusavam. Eram frutas com um amassadinho ou já bem amadurecida. Mamãe e mais algumas vizinhas iam toda semana na Feira da Pamplona buscar frutas e verduras . Foi aí que eu comí maçã pela primeira vez na vida. Nunca tinha visto.

Quando chegou o Natal não tínhamos outra roupa para vestir. Somente a do corpo. Ficamos trancados dentro de casa, mamãe lavou, secou e aí vestimos. Um amigo do meu pai veio nos visitar na véspera do Natal e ficou penalisado com nossa situação...

Neste dia tínhamos para comer apenas uma sopa de fubá (angú) feito com couve rasgada... eu acho uma delícia... Minha mãe chorava muito por esta situação, mas eu posso garantir que não me deixou trauma nenhum por não ter uma roupa nova para vestir, um brinquedo novo para mostrar aos coleguinhas, nem tão pouco por comer aquela sopa!

Hoje, quando me lembro, sinto-me triste pela minha mãe... Se tem algo que me aborrece muito é vê-la chorar!

Depois disso mudamos para São Bernardo, cidade onde moro, e muitas coisas aconteceram. Papai conseguiu comprar um terreno e, aos poucos foi construindo uma casa. Primeiro fez dois cômodos e um banheiro, para que pudéssemos entrar.

Minha mãe trabalhava como diarista para ajudar no orçamento da casa e ganhava muitas coisas, principalmente roupas das suas patroas. E eu , com 10 anos, a filha mais velha cuidava dos meus quatro irmãos, da casa, cozinhava e ajudava nas tarefas domésticas.

Eu sempre sofri muito com dor de garganta. Ficava acamada quase uma semana, não conseguia comer nada, vomitava tudo e tinha febre muita alta. Foi aí que, aos 12 anos , tive minha segunda
graça divina.

A vizinhança ferequentava um centro onde faziam cirurgia espiritual. Minha mãe foi e levou uma blusinha minha para benzer e a entidade pediu para que ela me pusesse deitada em lençóis brancos e ela tinha que fazer umas orações. Isto numa sexta-feira à noite. Fiquei ali, quietinha, adormeci. No dia seguinte parecia que tinham mesmo me cortado as amigdalas... elas ardiam muito, só pude tomar caldinho, sopa. E fui operada mesmo!!!
Depois deste dia nunca mais tive problemas de garganta.

Fui crescendo, estudando, ajudando minha mãe na lida da casa, até meus 17 anos quando comecei a trabalhar num firma que fazia embalagens plásticas.

O tempo passando, entrei na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Não era o que queria, pois pretendia fazer Medicina, com especialização em Pediatria. Sempre gostei muito de crianças mas, como não podia pagar este curso fiz o que me era possível. Mas que também gostava.

Na faculdade aconteceram alguns episódios que me marcaram . Eu sempre fui muito estudiosa e , em função disso, a primeira aluna da classe. Era muito tímida, acabrunhada, mas tirava as melhores notas. E era conhecida justamente por causa disso. Lembro-me de um professor de Literatura que falava com orgulho que nunca tinha dado um 10 pra ninguém. E numa das provas dele eu fui a única que tirei 10. Ele também dava aulas na PUC-SP. Fui falada até lá e teve gente que veio me procurar para me conhecer pelo simples fato de ter tirado um 10 com este professor.
Nossa...quanto orgulho sentí de mim mesma!!!

Esta estória não termina aqui...voltarei mais tarde para continuar...

Até lá.

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