domingo, agosto 22, 2010

Como ser feliz com menos

Primeiro, houve um período de separação : pilhas de agasalhos, sapatos, livros, potes, panelas e até a televisão foram relegados a um armário, até serem doados definitivamente.

Assim fizeram Tammy Strobel e seu marido, Logan Smith, ambos de 31 anos. Depois se livraram também de seus carros.

A mãe dela a chamou de louca.

Tres anos depois, o casal vive num apartamento com quarto e sala conjugados, com uma cozinha de bom tamanho, no Oregon. Sobra dinheiro pra eles viajarem e contribuirem com a educação dos sobrinhos. E, como não tem mais dívidas, Strobel trabalha menos, dedicando seu tempo para ficar ao ar livre e fazer um trabalho voluntário durante cerca de quatro horas semanais, num programa chamado "Living Yoga".

"A idéia de que você precisa ficar maior para ser feliz é falsa", diz ela. "Realmente acredito que a aquisição de bens materiais não traz felicidade".

Strobel e seu marido mudaram seus hábitos de consumo antes da recessão dos EUA, mas legiões de outros norte-americanos depois disso tiveram de se adaptar a viver de um jeito que, afinal, lhes deixou mais felizes.

Novos estudos sobre consumo e felicidade mostram que, as pessoas ficam mais felizes quando gastam seu dinheiro em experiências em vez de objetos materiais, quando saboreiam o que pretendem adquirir muito antes de fazê-lo, e quando param de tentar competir com seus vizinhos.

Estudos nas últimas décadas demonstraram que o dinheiro, até certo ponto, traz felicidade, enquanto preenche necessidades básicas. As novas pesquisas são sobre a eficiência emocional : como obter mais felicidade por cada nota gasta.

Uma importante conclusão é que o gasto com experiências : shows, cursos de franc~es, aulas de sushi, um quarto de hotel em Mônaco, produz uma satisfação mais duradoura do que comprar coisas.

É melhor sair de férias do que comprar um sofá novo. As pessoas estão percebendo que não precisam do que têm. Elas estão mais interessadas em criar lembranças.

Coisas como lar e familia cresceram em importância nos últimos dois anos, enquanto que luxo e status declinaram.

Esperar algo e se empenhar para conseguir torna a coisa mais valiosa e estimulante.

Há quatro anos, o cineasta Roko Belic viaja o mundo fazendo um documentário chamado "Happy" - "Feliz". Desde então se mudou da sua casa, num subúrbio de San Francisco, para uma praia em Malibu, para poder surfar.

"Eu me mudei para um acampamento de trailers, que é a primeira comunidade real na qual eu vivi na minha vida" , disse ele.

Atualmente ele surfa tres ou quatro vezes por semana. "Isso definitivamente me deixa mais feliz. As coisas que somos treinados a pensar que nos deixam felizes, como um carro novo a cada dois anos e comprar as últimas modas - não nos deixam felizes".

O único traço comum entre todas as pessoas felizes são as relações fortes.

(Fonte : Folha de S.Paulo)

Nenhum comentário: