sexta-feira, janeiro 26, 2007

Soneto da separação

SONETO DA SEPARAÇÃO

(Vinícius de Moraes)


De repente do riso fêz-se o pranto
Silêncioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fêz-se a espuma
E das mãos espalmadas fêz-de o espanto


De repente da calma fêz-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento.


De repente, não mais que de repente
Fêz-se de triste, o que se fêz amante
E de sózinho o que se fez contente


Fêz-se do amigo próximo o distante
Fêz-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

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