domingo, julho 22, 2007

"Faltam avós" ...

UMA PURA REALIDADE DA VIDA...

Esta crônica, de autoria de Luiz Alca Santana, foi extraida do Jornal A Tribuna - Santos - do dia 5 de abril de 2.005, página B-8.


"Diante do crescimento dos desajustes infantis nos Estados Unidos, do aumento dos suicídios entre os pré adolescentes e das cenas de violências explícita nas escolas, um juiz da Suprema Corte, nos Estados Unidos, declarou, com voz desanimada:
"Faltam avós para as nossas crianças, esse abençoado e delicioso contato que a nossa sociedade extinguiu".


Sem dúvida, numa sociedade utilitarista em que tudo tem seu lugar e que a velhice foi relegada, mesmo dentro de uma organização, a ocupar um espaço à parte, onde os idosos moram em flats especiais e não mais convivem com a família, já ninguém pode perder tempo com ninguém, a delícia dos carinhos de avós anda escassa. Até porque os jovens pais, muitas vezes, não desenvolvem isso em seus filhos.


Há pouco tempo, numa palestra, um garotão, cheio de piercings e cabelo espetado, perguntou:


"Meu, como é que tu explica isso? O pai e a mãe vivem reclamando que eu e meu irmão não fazemos companhia para eles, que a gente não pára em casa. Mas eles nem ligam para os pais deles, também. Meu vô, é viúvo, tem 80 anos, mora sozinho em Campinas e meu pai quase nunca vai lá visitá-lo. E minha mãe não tem paciência nem de falar com a mãe dela no telefone".

Não tive o que responder; perdi a chave. O menino de 17 anos estava certíssimo. O velho batido e rebatido exemplo ainda é uma força. Que pena, a galera hoje perder essa maravilha que é estar com os avós idosos e receber deles a sabedoria de uma vida que já se estendeu o suficiente para relatar fantásticas experiências vividas. Mas também para colocá-los no colo, dar o carinho necessário e até, deliciosamente, "estragá-los" com seu amor.


Um estrago tão benéfico e iluminado que depois caminha conosco para sempre. Avó e Avô não servem apenas para ajudar a cuidar dos netos quando pequenos, mas para receber deles o calor humano de que tanto necessitam, na velhice. No amor das diferenças ganha-se a bênção e a vivência das semelhanças."

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