quinta-feira, agosto 23, 2007

"Dores de Amores"...

Sim,

se tenho que sofrer vou fazê-lo em grande estilo _ estarei bela em minha dor... bem cuidada, bem vestida, bem centrada.
Meu sofrimento vai me encontrar estudando, trabalhando, tomando vinho tinto com meus amigos antigos e chopp com os recentes.

Vai me encontrar fascinada com um livro recomendado por alguém muito sábio. Entusiasmada com alguma causa muito justa. Emocionada diante de uma situação comovente.

Sim. Quando eu te disse que te amava, você apenas sorriu, condescendente. Beliscou minha bochecha como se eu fosse uma pequena menina que pedia sorvete.
Me prometeu um futuro semi-romântico e uma noite inteira de magia.
Então eu passei a chorar nas noites de sábado e a passar horas com o telefone na mão.

Iniciei uns ardis ridículos para esbarrar em você, fingindo ser por acaso.
Inventei de te mandar poemas, pequenos textos onde expunha minha dor sem o menor pudor, o que resultou em uma queda despropositada em minha auto-estima e uma alta, imerecida, na sua. E foi apenas isto. E foi patético. Não mereci sequer uma chance de te comover.

Hoje estou indo embora, em busca de substâncias menos dispersíveis. Arrumei na mala coisas de seda, figuras de porcelana e transparências. Vou rumar para o norte.
Vou pra Pasárgada.
Vou ser amiga do rei e dormir com quem quiser na cama que escolherei.

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