domingo, agosto 19, 2007

Sábado cinzento ...

Tudo aconteceu num sábado à tarde, quando o céu carregado de nuvens cinzentas, prenunciava que em breve uma chuva cairia.
Triste e recostado no sofá da sala vazia, lá estava eu, figura patética e melancólica, imerso entre pensamentos angustiantes.

Enquanto meus pensamentos divagavam, num mundo repleto de contradições, meus olhos permaneciam fixos no telefone, na esperança que derrepente num toque, pudesse ouvir sua doce voz mais uma vez.

Os minutos escoavam-se rapidamente, no entanto, o telefone permanecia mudo, como se fosse uma mensagem muito clara, que restara apenas um doloroso adeus.
Derrepente o temporal abateu-se sobre a casa, despejando grossas gotas que tilintavam alto, ribombavam em meus ouvidos e minha mente, como o repicar uníssono de vários tamborins.

Por alguns instantes tive a nítida impressão de serem lágrimas que despencavam do céu, enviadas com ternura pelos deuses do amor, compadecidos com o meu grande sofrimento, para lavar e curar minha alma ferida.

A chuva que continuava a cair inclemente formava uma enxurrada no declive da rua, levando com ela todos os meus sentimentos, meus medos, minhas angústias e desilusões.
Por fim, naquela tarde cinzenta de sábado,quando a forte chuva finalmente se dissipou, a enxurrada brutal que desceu a rua célere, carregou atrelada a ela meus doces sonhos, minha alegria pela vida e meu grande amor.

Hoje quando o céu nebuloso escurece sinto-me tomado pela angústia e o pânico,voltando incontinenti ao meu sofrimento daquele dia de sábado, um sábado cinzento.


(José Carlos Ligieri)

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